Friday, April 9, 2010

Been There, Done That | Foge Foge Bandido


Instrumentalismo de fusão

Aula Magna ainda a meio gás para um concerto que começou atrasado e eu já me perdia a olhar para o palco pesado com tanto instrumento. Passados 25 minutos da hora marcada já o público assobiava e fazia-se notar como que a mandar a banda entrar... coisa rara de se ver o público chegar a horas.

Os cinco bandidos entram em palco e os primeiros acordes de Borboleta saltam ao ouvido. Ok, boa maneira de se desculparem pelo atraso. Começou assim um espectáculo diferente do que estamos habituados a assistir. No fim de cada peça musical, sim porque para esta banda não há só canções (mas já lá vamos), podíamos assistir a um reboliço em palco, ora com a troca de posições dos músicos, ora a troca de instrumentos. Juro que tentei contar a quantidade de instrumentos, mas sem sucesso. Tudo serve para gerar som e alegremente inclui-lo na canção.

Há canções alegres, melancólicas, mas também há devaneios frenéticos instrumentais ou vocalizados. Tal como na cozinha moderna, Foge Foge Bandido pode muito bem ser considerada uma banda de música de fusão construída com base no que são as origens mais tradicionais da música (guitarra/viola, percursão, baixo e voz) com um toque de modernidade e muita fantasia criativa. Em jeito de jam session, mas sem jazz e sem fumo, a banda conseguiu encadear todo o concerto como se fosse um espectáculo único com ambiente para tudo. É rock, é música tradicional, é funk, é música de igreja. Há de tudo um pouco, mas sem nunca enjoar ou aborrecer. Pelo meio, comportavam-se como se estivessem em ensaio particular, trocando comentários entre eles, mas desta vez com um público a meter-se em conversas alheias.

Manuel Cruz, confiante, energético e com o seu estilo inigualável de eterno puto não é muito falador. Agradeceu algumas 32 vezes, bebeu a sua "mini" e deu provas mais uma vez que é um monstro com muitos amigos . A disposição das luzes em palco ajudou a criar o ambiente intimista e o jogo de sombras envolviam a plateia ainda mais sobre o que se passava no palco, um pleno show de música e sons.

Simples, empolgante e surpreendente são palavras que podem adjectivar este espectáculo work-in-progress de uma das bandas mais originais em Portugal a cantar em português. Muito devido ao brilhante Cruz que, não sendo o coração, é com certeza alma do projecto.

Foge Foge Bandido, Canção da Canção Triste


Local: Aula magna
Data: 08.04.10

4 comments:

xapati said...

estive lá e tive exactamente a mesma sensação: quanto à parafernália, ao ambiente, ao modo de estar dos bandidos! e gostei muito

pegueitrinquei said...

reparei que Califone ainda não estão na lista. Há pouco tempo ouvi no Coyote o Funeral Singers e adorei a música... Fica a sugestão para um próximo post.

Bom fim de semana!

pegueitrinquei said...

Posso só sugerir mais uma? A cover de Noiserv para Where is my mind. :)

Mi said...

Não estive nesse, mas já estive noutro concerto deles. E também gostei muito, é um projecto muito interessante em que estão 1001 coisas a suceder ao mesmo tempo.
kiss

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