
E se Gagarin não olhasse, não.
Não visse o azul terra
donde outros vêem o céu.
E se Gagarin não fizesse de espanto
um abrir de boca.
O silêncio continuo.
E se Gagarin não sentisse a terra a girar sobre si própria
e o silêncio enrolar-se lá longe nas vagas.
E se Gagarin não existisse sequer
num dicionário novo e pronto-a-ler
comprado num alfarrabista qualquer, pouco antes de partir.
E se Gagarin não fosse palavra. Sequer.
Sobrava apenas um tom base para uma música de fundo.
Azul.
Como a terra naquele dia cedo.
Esbjörn Svensson Trio, From Gagarin's Point of View