É assim que nos sentimos quando alguém especial foge do nosso mundo. Vulneráveis, pensativos, humanos. A voz de António Sérgio acompanhou-nos durante toda a nossa existência. Do seu tom grave emanava uma profunda sabedoria. Quando o ouvíamos a falar ao microfone parecia-nos o ancião da tribo que solta os seus conhecimentos para uma plateia de aprendizes atentos e curiosos. Fazia da cabine a sua toca. O lugar onde se sentia Mestre que ensina por amor e devoção incondicional à arte em que acredita piamente. A sua inspiração nascia da sua irrequieta juventude, ávida de novidade. E o seu profissionalismo era uma extensão da maturidade com que adivinhava a música. Sempre foi um ser inconformado com o vazio das ideias. Por isso, quando soube que em Portugal apenas existia a discografia dos Pink Floyd a partir da década de 80, aquando da sua estada na editora Valentim de Carvalho, decidiu liminarmente colocar no mercado tudo o que essa banda de referência já tinha produzido. A história das coisas era importante para ele. Perceber de onde vinham as influências. Achar o princípio do mistério e em seguida acrescentar-lhe mais personagens, todas à procura da chave do problema. Fica então a memória deste grande senhor num “blues” (coisa que ele adorava) retirado do álbum de 1971 quiçá mais significativo do grupo britânico que também ajudou a mudar o mundo da música. Um enorme até sempre para uma alma interminável… Obrigado.
Pink Floyd, Seamus
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