Monday, October 27, 2008

Been There, Done That

The Lemonheads - 24/10/2008, Santiago Alquimista

Não há muito para dizer deste concerto que, à partida, já não se esperava nada de especial! Ora nada de especial torna-se um eufemismo para disfarçar a grande desilusão que foi ver estes senhores em palco. Santiago Alquimista prometia um concerto intimista que, por definição tem pouca gente, muito contacto entre a banda e o público criando um ambiente acolhedor, mas o que aconteceu, na verdade, foi um concerto sem alma, sem feeling, com mau som e um público descontente com a prestação desta banda.

Um Evan Dando decadente, com pouca voz, a cantar fora de ritmo e numa atitude vá-lá-tenho-que-despachar-isto-rapidamente-tenho-mais-que-fazer desiludiu e em nada encantou os fãs que, como eu, esperaram muitos anos para o ver. É o protótipo do old-school típico do rock alternativo dos anos 90 sem tirar, nem por - desgrenhado, mal pronto, cigarro ao canto da boca e uns olhinhos que denunciam um estado avançado de transposição para o outro lado. Lá nisso há que lhe tirar o chapéu, porque continua original, só um pouco mais velho e caído!

Mas o problema é que eu ja não tenho 14 anos e já não acho piada ir a um concerto para ver um mau espectáculo. O exemplo flagrante foi a interpretação do tema "Ride with Me", uma balada de partir o coração, foi cantada ao dobro da velocidade normal e sem qualquer sentimento, coisa que ele ainda tinha no antigamente, segundo registos VHS que ainda guardo religiosamente. Desconstruiu toda a imagem que eu tinha daquele momento ao vivo!

Conseguiu balbuciar que passou férias em Portugal quando era mais novo (porque é que não avisou antes?) e ainda cuspir umas palavras em português até que disse "oh, this is brazilian..."! Estaria ele a achar que nós não percebemos o brasileiro? Nós não entendemos é o que tu dizes, ponto final. Teve a ousadia de abanadonar o palco sem cantar o It's about time, o Being Around e o Mrs. Robinson, mas cantou o Big Gay Heart (oh, alegria!). It's a shame about The Lemonheads...

Enfim, este foi talvez o relato que mais me custou fazer, mas fiz o que tinha de fazer. Fui ver e comprovar com os meus próprios olhos que ver concertos de bandas que foram de alguma maneira importantes para nós, fora de tempo e contexto, não funciona. O sentimento pode lá estar, mas a alma ficou lá bem atrás no tempo e é impossível vivê-lo como o viveriamos no passado.

4 comments:

R2D2 said...

Bem, está tudo dito aqui pela Alminha e só me ocorre acrescentar que "mau som" é uma expressão muito tolerante para aquilo que eu ouvi. É que "mau som" chamo ao que costumo ouvir, por exemplo, no Pavilhão Atlântico, excepção feita aos Massive Atack há uns 10 anos atrás e ainda estou para saber como é que eles fizeram aquilo. Talvez tivésse sido boa ideia a administração do Pavilhão Atlântico, humildemente, ter perguntado aos técnicos de som dos Massive como é que se faz um bom som num espaço daqueles.

L. said...

anima-te que amanhã são as CSS.
se usarmos leggins umas leggins nunca estão fora de contexto!!! :P

Crix said...

Concordo com tudo o que dizes, de maneira geral. Também lá estive e, também fiquei desiludida! Mas tenho que desculpar o senhor técnico de som, a culpa não era dele! A culpa era do Evan Dando que insistia em ter o som da guitarra acima de tudo o resto, ao ponto de não se conseguir ouvir a voz dele.
E estive sempre lá em cima, mas nem por isso ouvia melhor...

Leididi said...

Pronto, minha querida, cá beijinho, já passou.

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