Wednesday, July 1, 2009

Cartas do Anónimo

Filho de um dos homens mais criativos e habilidosos da antiga Grécia, Ícaro personifica a exaltação humana. A demolidora vontade de elevar os sonhos, para lá do aconselhado, para lá do que o seu pai, Dédalo, lhe disse para fazer: “Filho, não voes nem muito baixo para não molhares as asas, nem muito alto para não derreteres a cera com o calor do sol.” Assim não fez o jovem na fuga do labirinto, prisão da vida, açaime das vontades. Encantado pelo brilho da estrela mais quente, confundido por reacções nucleares, Ícaro foi subindo até se estatelar contra a ânsia da ambição. Quando lá chegou, cego de loucura, incrédulo, caiu. Caiu, morreu e perdeu tudo. Perdeu-se. Para sempre.

A queda de Ícaro é a primeira música do segundo trabalho de originais de J.P. Simões. Um português que, para além da sua genialidade hedonística, transborda em palavras métricas, rítmicas, fabulosas. Um talento mente, ajudado por uma voz firme e uma guitarra latina. Quando o conheci, ao falar com ele, artista, poeta, estudante, compositor sarcástico, disse-me que gosta de falar de fracassos que não correm assim tão mal. Por mim, Anónimo de alma, rendido à leveza de rir e querer chorar nas suas letras, presto hoje uma grande homenagem a quem, vivo, me deu a conhecer mais linguagem para ser feliz…


Um grande abraço para ti João Paulo!

JP Simões, Tango do Antigamente

3 comments:

A said...

excelente escolha! até há pouco tempo o meu irmão orgulhava-se de ser o maior fã de jp simões no last.fm. mas depois arranjei-lhe uns mp3 dos pixies e ele agora já não é :p

Alda Couto said...

Adorei! Obrigada :)

R2D2 said...

Caro A,
Não desfazendo no JP Simões, acho que fizéste muito bem em arranjares uns MP3 dos Pixies ao teu irmão. Eu considero isso uma acção de "ajuda humanitária" da tua parte

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